Reportagens

Situação da biodiversidade no RS após enchentes será conhecida em até 3 anos 6f31k

Serão avaliadas áreas federais e estaduais. A manutenção da vegetação nativa conteve estragos em unidades de conservação

Aldem Bourscheit ·
30 de abril de 2025

As enchentes que arrasaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio ados também atingiram parques e outras unidades de conservação. Estudos foram disparados para apontar se espécies foram prejudicadas nessas áreas, onde a vegetação conservada conteve estragos. 

À frente da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias (Coece) do ICMBio, Claudia Sacramento informou que os efeitos das enxurradas sobre a biodiversidade em unidades de conservação federais no Rio Grande do Sul serão conhecidos em até 30 meses.

“Também serão analisados os eventuais prejuízos sobre pessoas que habitam esses territórios”, disse. Há populações tradicionais e indígenas em determinadas reservas ecológicas no estado.

A investigação será apoiada pelos centros de pesquisa da autarquia, ligada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A Coece foi criada no início do ano ado. 

arão por análise igualmente os prejuízos sobre espécies migratórias e outras que sofriam com a gripe aviária. “Mais de 900 leões e lobos marinhos já haviam morrido pela doença na costa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, revelou Claudia Sacramento.

Danos a estoques pesqueiros provocados, por exemplo, pela carga de poluentes que adentrou a Laguna dos Patos e o Atlântico, igualmente serão detalhados. “O impacto ecológico e social é muito grande”, estima a especialista.

Conforme ela, os resultados da investigação científica permitirão o desenho de políticas e de medidas para prevenir e reduzir os impactos socioambientais e econômicos de novos eventos climáticos extremos, como enchentes e secas. 

“Mapearemos as possíveis emergências mais importantes para o trabalho do ICMBio de acordo com os cenários e projeções climáticas feitas pelas instituições competentes”, disse.

A enxurrada poluída que cobriu o estado escorre pela Lagoa dos Patos rumo ao Oceano Atlântico. Foto: Jorge Lansarin/Agência Enquadrar/Folhapress

Contenção verde  1v2d18

Os dez parques e outras unidades federais de conservação nos limites gaúchos somam cerca de 25 mil km2, uma área pouco menor que a do estado de Alagoas, mostra um federal.

Os mais atingidos pelo aguaceiro de 2024 incluem o Parque Nacional de Aparados da Serra e as florestas nacionais de Canela e de São Francisco de Paula. Contudo, os danos foram quase que somente em equipamentos, casas, escritórios e estradas de o. 

“Fauna e flora das unidades de conservação foram pouco afetados no geral muito em razão da própria vegetação nativa conservada”, disse Claudia Sacramento (ICMBio). “A vegetação faz um trabalho de manutenção do solo”, agregou.

Ao contrário de áreas urbanas, onde a vegetação foi muitas vezes banida de áreas alagáveis e outras que da mesma forma deveriam ser conservadas, parques e demais reservas ecológicas mantêm esses reforços naturais contra enxurradas.

“Sem isso, aumenta a vulnerabilidade de toda a população”, ressaltou Claudia Sacramento. “Não conservar o meio ambiente impacta diretamente a vida das pessoas”, reforçou.

Ao menos R$ 2 milhões já foram mobilizados para repor equipamentos e comprar veículos para unidades de conservação federais no Rio Grande do Sul.

Interior de um cânion no Parque Nacional de Aparados da Serra, em Cambará do Sul (RS) e Praia Grande (SC). Foto: Diego Arthur Hartmann/Creative Commons

Estragos menores 3u2z3v

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema) afirmou a ((o))eco que os impactos à biodiversidade em unidades estaduais de conservação são analisados com o apoio de universidades. 

“Esses estudos são de médio a longo prazo”, estimou a Assessoria de Imprensa do órgão estadual. “Não há confirmação de extinções de espécies, até o momento”, afirmou

Como mostramos em reportagem de maio ado, há cerca de 280 espécies animais e 600 de plantas sob risco de sumirem do mapa no Rio Grande do Sul. Inúmeras viviam em meio às áreas afetadas pela enxurrada.

Elas incluem de cervos-do-pantanal habitando áreas alagáveis na Região Metropolitana de Porto Alegre a uma diminuta espécie de sapo vivendo em trecho de um rio encaixado num cânion da região serrana.

Quanto às reservas ecológicas, a Sema descreveu que apenas três das 25 unidades de conservação estaduais foram diretamente atingidas pelas enxurradas do ano ado.

Os estragos se concentraram na Área de Proteção Ambiental e no Parque Estadual Delta do Jacuí, na mesma Região Metropolitana da capital gaúcha, e no Parque Estadual de Itapuã, no município de Viamão. Todas estão na área mais atingida pela tragédia de 2024.

“Essas áreas protegidas tiveram danos severos de infraestrutura e destruição de estruturas de uso público, como churrasqueiras e rampas”, explicou a Assessoria de Imprensa da Sema/RS.

O Parque Estadual de Itapuã já ou por reparos e voltou a receber turistas, neste Verão. “Todas as unidades de conservação estaduais arão por reformas estruturais de forma concomitante”, adiantou o órgão ambiental. 

As águas do Lago Guaíba e da Laguna dos Patos se encontram junto ao Parque Estadual de Itapuã. Foto: Grégori Bertó/Secom/RS

Retrato antigo 6dk66

O agrônomo Alexandre Krob é mestre em Ciências do Solo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Gestão Ambiental e coordenador Técnico e de Políticas Públicas da ong Instituto Curicaca, de Porto Alegre (RS).

Para ele, as análises governamentais sobre impactos das enchentes à biodiversidade no estado seriam mais precisas se existissem dados robustos e atualizados quanto à situação das espécies nativas antes da tragédia do ano ado. 

“Seria preciso um conhecimento mais amplo sobre as populações e os ambientes naturais antes dessa nova rodada de avaliações. Ele serviria de referência comparativa com os resultados que virão nos prazos estimados”, avaliou.

Mesmo assim, o especialista espera que sejam analisados também os prejuízos do lixo, químicos e espécies invasoras nos parques e demais unidades de conservação. “Eles podem ter sido levados pelas águas e depositados nessas áreas protegidas”, alertou.

  • Aldem Bourscheit q2616

    Jornalista cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Ciência, Agron...

Leia também 204l3u

Reportagens
24 de abril de 2025

RS ainda vulnerável: reconstrução lenta e ações preventivas adiadas 4ck40

É necessário acelerar a aplicação de recursos em projetos inovadores para fortalecer o estado frente a novos desastres

Reportagens
11 de julho de 2024

A natureza como aliada na reconstrução gaúcha 6q3k2k

Manter e recuperar áreas verdes estratégicas e fortalecer leis ambientais protegeriam o Rio Grande do Sul contra novas tragédias

Notícias
3 de junho de 2024

El Niño e mudança climática aumentaram em até 5 vezes probabilidade de chuva extrema no RS 3b2q4l

Problemas estruturais e falta de investimento agravaram impactos, mostra estudo internacional de atribuição

Mais de ((o))eco 49445w

chuvas 2j3p4c

Reportagens

RS ainda vulnerável: reconstrução lenta e ações preventivas adiadas 4ck40

Colunas

Cidade submersas e população vulnerável: o que revelam as grandes inundações no Brasil nos últimos anos 245458

Análises

Opinião: Após enchentes no Sul, Brasil precisa de infraestrutura mais resiliente 3e6z2g

Colunas

Rio Grande do Sul: governança para prevenir desastres climáticos 35551

conservação t4c5b

Análises

O falso herói dos mares: por que o GNL ameaça os oceanos e o futuro do Brasil? 6n113u

Reportagens

Declínio de animais dispersores de sementes dificulta combate às mudanças climáticas 2z5f4p

Salada Verde

PL que institui programa nacional de recuperação da Caatinga avança na Câmara i6gk

Notícias

Brasileiros estão mais cientes da importância dos oceanos, mas agem pouco 3ov6o

biodiversidade 15735y

Reportagens

Como tirar do papel a nova estratégia de conservação do Brasil? 486831

Notícias

Ave criticamente em perigo de extinção, soldadinho-do-araripe ganha um refúgio 5a5z45

Reportagens

Como as unidades de conservação podem resistir à crise climática? 4p2861

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2n1w28

rio grande do sul 726di

Notícias

Servidores denunciam situação precária em florestas nacionais sulistas ocupadas 2v3z2c

Notícias

Tribunal de Justiça do RS desobriga companhia de isolar fios para evitar choques em bugios o1w1c

Salada Verde

Podcast investiga o que restou de Porto Alegre um ano após a enchente de 2024 1d3wh

Notícias

Chuvas aumentaram em 10 vezes o desmatamento causado por eventos extremos no RS 1l2k2c

Deixe uma respostaCancelar resposta 2c1q6t

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.