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Expectativas são positivas, mas desmatamento não deve cair no Brasil até 2024, diz Nilto Tatto na COP 27 154r5i

Antes será preciso reestabelecer o papel dos órgãos ambientais, que sofreram desmonte, e valores do orçamento para MMA, diz deputado

Cristiane Prizibisczki ·
10 de novembro de 2022 · 3 anos atrás

O deputado Nilto Tatto (PT-SP), responsável pela parte ambiental do plano de governo de Lula, afirmou nesta quarta-feira que os resultados da mudança na política de meio ambiente do novo governo não devem ser sentidos até 2024.

Antes que as taxas de desmatamento caiam, por exemplo, é preciso, segundo ele, reestabelecer e reestruturar todos os órgãos responsáveis pela implementação da política ambiental brasileira, como Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio e Funai, que foram desaparelhados e desestituídos de suas atribuições originais durante os anos do governo Bolsonaro. 

“É importante dizer que além de reestabelecer o papel dessas instituições, é preciso organizar as ações de comando e controle […] além de criar alternativas econômicas para as pessoas. Com isso, eu quero dizer que você não vai ter imediatamente os resultados concretos de desmatamento no primeiro ano, não vislumbro redução no primeiro ano”, disse o político, em resposta a pergunta feita por ((o))eco em uma coletiva de imprensa realizada esta manhã em Sharm-El-Sheik, onde o deputado está para participar da Conferência do Clima da ONU.

Segundo ele, também será preciso estabelecer, no orçamento do próximo ano, recursos mínimos para o enfrentamento de ilegalidades ambientais. Ainda não há um valor a ser destinado para pasta ambiental, mas, de acordo com Tatto, o objetivo é negociar com o Congresso para que os parlamentares desta legislatura – responsáveis por aprovar o orçamento do ano que vem – considerem os patamares utilizados antes da chegada de Bolsonaro ao poder, em valores corrigidos.

“Não tenho números, mas trabalhamos em cima de patamares atualizados daquilo que tínhamos no orçamento 4, 5 anos atrás”.

Para Tatto, as alianças políticas feitas durante as eleições presidenciais, muitas delas com partidos historicamente antagônicos ao PT, não será um problema para a implementação da política ambiental pretendida por Lula.

“Nós temos um programa de governo que ou pelo crivo da eleição, e é a partir dessa perspectiva que vamos trabalhar. Evidentemente que você tem forças políticas contrárias a esse modelo, mas isso é um processo a ser negociado, debatido. Eu tenho uma visão muito otimista de que agora vai se estabelecer uma outra agenda, onde os setores mais retrógrados que hoje comandam o modelo de destruição serão minoritários”, disse.

Esse otimismo também se estende para as relações do novo governo Federal com o Congresso, que será majoritariamente formado por apoiadores de Bolsonaro, detentores do maior número de cadeiras na Câmara e no Senado.

“Esses grupos da extrema direita vão ser até menores do que nós somos aqui, hoje [na Conferência do Clima], em relação ao governo Bolsonaro, do ponto de vista da composição. Como disse, nosso plano de governo ou pelo crivo eleitoral, então realmente acredito que vai haver uma mudança na perspectiva da agenda, do debate”, disse.

Nilto Tatto permanece no Egito pelos próximos dias. Ele deve acompanhar a visita do presidente eleito à Conferência do Clima da ONU na próxima semana.   

Esta reportagem foi produzida como parte do Climate Change Media Partnership 2022, uma bolsa de jornalismo promovida pela Internews´ Earth Journalism Network e pelo Stanley Center for Peace and Security.

  • Cristiane Prizibisczki 191i3k

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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