A investigação sobre a Ilha do Marajó, realizada pela repórter Alice Martins, foi uma das vencedoras do Prêmio de Jornalismo Digital Socioambiental, na categoria “Melhor Reportagem Socioambiental”. Os ganhadores foram anunciados durante a cerimônia de premiação do Festival 3i, realizada no último sábado (7). O prêmio, organizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e pela Embaixada do Reino Unido no Brasil, concedeu R$ 10 mil aos vencedores por suas coberturas socioambientais no Brasil.
Produzida com o apoio da Earth Journalism Network (EJN), a série “O futuro do Marajó”, investigou o avanço do mar e seus impactos no território, a partir de um olhar sensível e aprofundado da repórter. “Eu sou paraense. Sou da Amazônia, do interior do Pará e moro em Belém desde a graduação e há 10 anos eu vou sempre no Marajó por motivos familiares e vim conhecendo a realidade da região. E quando a investigação começou, foram seis meses de idas ao território. Fomos a três lugares do Marajó e conversamos com muitos pesquisadores. Primeiro quando eu vi a matéria pronta, já foi uma realização muito grande e agora ver esse reconhecimento é incrível”, disse Alice.
Selecionada para o primeiro lugar, reportagem especial concorreu com os trabalhos: “A invasão de sardinhas nos rios amazônicos”, de Bruna Bronoski, do ‘O Joio e O Trigo’, e “Por que os Maxakali estão convocando os espíritos para recuperar a Mata Atlântica”, de Xavier Bartaburu, da Mongabay. Três outros trabalhos receberam menção honrosa. São eles: “A retomada Yanomami” (Amazônia Real), “O branco matou a mamãe” (Agência Pública) e “Terror das Barragens” e “Mineração: a Ciência soterrada” (podcast Ciência Suja).
Na categoria “Melhor Cobertura Socioambiental Local”, o jornal O Povo+ venceu com a série especial o “Impacto dos Agrotóxicos”, com reportagens de Karyne Gomes. A produção concorreu com outra série d’O Povo+, “Áreas verdes em Fortaleza”, e com o especial “Queimando o aprendizado: Ondas de calor dificultam vida de alunos nas periferias de São Paulo”, da Agência Mural. A menção honrosa foi concedida ao jornal A Gazeta, pela publicação “Quilombolas relatam falta de água potável e luz em Conceição da Barra”.
O prêmio foi criado em homenagem ao jornalista britânico Dom Phillips e ao indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados há três anos, e faz parte da comemoração dos 200 anos de relações diplomáticas bilaterais entre Reino Unido e Brasil.
“O jornalismo ambiental tem papel crucial na formação e na mobilização social. Jornalistas comprometidos com a causa ambiental, expõem injustiças, ampliam a voz de comunidades marginalizadas, denunciam ações criminosas, expõem violações contra direitos dos povos originários, pressionam por mudanças necessárias e muito mais. E é justamente para reconhecer tudo isso que esse prêmio existe”, destacou o Cônsul-Geral Britânico no Rio de Janeiro, Anjoum Noorani.
Para a diretora-executiva da Ajor, Maia Fortes, a premiação tem um significado especial para o ecossistema jornalístico. “Acreditamos que reconhecer e celebrar o jornalismo é também reafirmar seu papel fundamental na defesa dos direitos humanos e como parte da infraestrutura essencial para qualquer democracia”, salientou.
Além de sediar a cerimônia do Prêmio Jornalismo Digital Socioambiental, o Festival 3i deu destaque para a cobertura ambiental na Sala Colaborativa, dedicada à COP 30. Realizada em parceria com a InfoAmazonia e apoio do Instituto Serrapilheira, o espaço reuniu especialistas e jornalistas para oficinas sobre execução de projetos editoriais, conceitos da conferência e novas linguagens jornalísticas. Os participantes da iniciativa vão desenvolver suas reportagens ao longo do segundo semestre, com publicação próximo à conferência. ((o))eco foi um dos selecionados com a realização de uma pauta sobre a falta de água potável no Amazonas, que será desenvolvida em parceria com o veículo Vocativo.com.
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