Morreu na quarta-feira (4), aos 69 anos, Dalton de Morrison Valeriano, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um dos grandes responsáveis pela modernização dos dados de desmatamento no Brasil. Há alguns meses o pesquisador lutava contra o câncer.
Valeriano era formado em Biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (1978), possuía mestrado em Sensoriamento Remoto pelo INPE (1984) e doutorado em Geografia pela Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (1996).
Sua carreira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais teve início na década de 1980, com análises sobre poluição do ar e resíduos sólidos.
A partir da realização do doutorado, Valeriano voltou-se para o estudo de florestas, tendo assumido, em 2003, a coordenação do Programa de Monitoramento da Amazônia – atualmente chamado de Biomas BR – cargo que ocupou até 2018. Sob seu comando, o Programa foi aprimorado e modernizado.
“Dalton não foi apenas um cientista entre tantos; foi a voz que mostrou ao país a real situação da floresta Amazônica. Sua trajetória profissional entrelaça-se de forma indelével com a história do monitoramento da maior floresta tropical do mundo, deixando um legado que transcende sua existência física e continuará a ecoar nas políticas de conservação e no combate ao desmatamento”, diz nota do Instituto.
Em 2004, Valeriano operacionalizou o sistema de alertas de desmatamento do INPE, conhecido como DETER, que dá e à fiscalização feita pelo Ibama e é considerado um divisor de águas no combate ao desmatamento no país.
Antes de deixar o cargo de coordenador, em 2018, Valeriano trabalhou para que o DETER pudesse ser usado em outros biomas. Naquele ano, o DETER Cerrado foi lançado.
“O produto que revolucionou o combate ao desmatamento foi o DETER, porque é a partir dele que a questão do comando e controle toma força, que se pode dizer ‘eu sei o que está acontecendo e onde, e vou agir neste lugar’. Esse é um ponto de virada para a questão do combate ao desmatamento e o Dalton tem tudo a ver com isso”, diz Claudio Almeida, ex-aluno de Valeriano e atual coordenador do Programa de Monitoramento do INPE.
Nos últimos anos, Valeriano vinha trabalhando com análise das tipologias de vegetação, tendo criado um mapa atualizado das tipologias do Cerrado, bioma onde ele encontrou 27 tipologias diferentes.
O sepultamento foi realizado na tarde desta quinta-feira (5), em São José dos Campos.
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