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Brasil pedirá carcaças das araras-azuis-de-lear traficadas que teriam morrido em Bangladesh 385446

A medida é essencial para aprofundar as investigações sobre o crime, mas todo o processo foi moroso, avaliam especialistas

Aldem Bourscheit ·
22 de setembro de 2023 · 2 anos atrás

As carcaças das três araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) que teriam morrido em agosto, em Bangladesh, serão requisitadas pelo Brasil. A informação é da Assessoria de Imprensa do Ibama

“Tramita no Instituto solicitação a ser realizada ao Ministério de Relações Exteriores – MRE, para que seja realizado contato junto ao país asiático, solicitando o envio das carcaças”, diz. 

Como noticiamos, as aves traficadas foram flagradas em maio no aeroporto internacional da capital Daca, vindas da Bélgica. Em meados de agosto, foram declaradas mortas por autoridades do país asiático.

O governo bengalês disse que os animais foram encaminhados ao Bangabandhu Safari Park, mas faleceram pelas “péssimas condições de saúde” em que chegaram àquele país. Agora, pode ser tarde para recuperá-las.

“Não tenho esperanças de que as carcaças ainda existam ou que tenham sido preservadas a contento”, avalia Dener Giovanini, coordenador-geral da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS).

Caso isso se confirme, prejudicará as investigações sobre o tráfico internacional dos emplumados, detalha Luís Fábio Silveira, doutor em Zoologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o especialista, analisar as carcaças poderia trazer informações como a idade das aves, onde foram capturadas e até se são parentes de outros animais pela comparação com amostras em coleções científicas.

“Amostras de DNA [um ácido com informações genéticas] de todas as aves capturadas são essenciais para as estratégias de combate ao tráfico de vida selvagem”, ressalta Silveira.

As mesmas fontes ouvidas por ((o))eco ponderam que o Brasil deveria ter agido com mais agilidade para obter informações do país asiático e tentar repatriar as aves, vivas ou mortas.

“O governo não agiu com celeridade. Deveria ter solicitado imediatamente cuidados com as aves ou suas carcaças ao governo de Bangladesh”, comenta Giovanini, da RENCTAS.

Obtido via Lei de o à Informação, o processo do Ibama para as araras apreendidas em Bangladesh mostra movimentos por 83 dias corridos, de 6 de junho a 28 de agosto. O mesmo foi encerrado sem um pedido das carcaças.

Um primeiro contato foi tentado em 14 de junho. Não houve retorno. Outra tentativa foi feita no início de agosto, também por email, com apoio do Ministério das Relações Exteriores. A réplica já apontou a morte das aves.

De acordo com o Ibama, Bangladesh falhou ao não informar prontamente o Brasil sobre as aves apreendidas, como pede a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção, a Cites.

“O Ibama não recebeu notificação de Bangladesh referente à presença [das araras] em seu território. Apesar disso, seguindo o procedimento padrão, tentamos contato com a Autoridade istrativa Cites em Bangladesh”, conta.

Pouco mais de 2,2 mil de-lear vivem livres no Raso da Catarina, território distribuído em municípios como Canudos e Paulo Afonso, no interior da Bahia. Mesmo sob risco de desaparecer, a espécie segue na mira do tráfico.

  • Aldem Bourscheit q2616

    Jornalista cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Ciência, Agron...

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Comentários 1 3h16u

  1. Paulo diz:

    Como dormem estes iluminates do poder do MMA. O crime compensa.